quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A noite e renda vermelha...

Sob a luz da lua cheia, uma leva brisa fresca soprava trazendo consigo o cheiro de terra molhada, árvore e do canteiro de alecrim. De entre as cortinas esvoaçantes de crepe creme surge um vulto que cai na relva do pátio, os mosquitos e insetos da grama coçaram as narinas de Elvis, de fato o pai dele sempre esperava um futuro para o filho.
Sua jaqueta de couro contrastava com o jardim meigo, seus olhos permaneciam fixos na janela de madeira, como se procurando por alguém, em suas mãos podia sentir a renda, e sorria. De sobressalto atravessou o resto do quintal e num instante pulou o muro.
Enquanto seguia desnorteado pela rua, não conseguia disfarçar seu sorriso de playmobil, naquela noite tudo que sempre tinha sonhado estava se realizando. Elvis seguia olhando as pedras do calçamento e os fios da rede elétrica, mas não saía do seus pensamento aqueles cílios curvados e volumosos...
Chegando em casa, tirou com cuidado seu chaveiro rosa do bolso e abriu a porta que rangeu, ligou a luz, o lustre ofuscou sua visão, atirou-se no sofá e ali ficou. O telefone tocou, Elvis demorou a atender, a voz masculina do outro lado da linha pergunto: - e aí conseguiu?
Ele respondeu: - siiiim, a blusa vermelha de renda vai ficar LIIINDONA com meu sapato de paetes preto! e aqueles cílios postiços que comprei ontem? arraazo! tu passa aqui pra gente ir juntinhos né?

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