sábado, 27 de fevereiro de 2010

sobre encontros...

Verdes, seus olhos eram verdes, e ele era o alvo de Júlia naquele show dos Stones. Do alto dos seus 1,80 ele também a olhava, e depois de tomar algumas cervejas resolveu se aproximar, jogou o cabelo negro que caía nos seus olhos para trás lançando a cabeça e foi na direção dela.
Ele tremia a cada passo e sentia um embrulho gástrico que julgava ser como as famosas borboletas no estomago. Nunca havia passado por sensação similar perto de uma garota, aquela guria nanica o atraía de maneira inexplicável. Finalmente quando chegou perto dela, sussurrou em seu ouvido algumas palavras doces de praxe, entretanto a reação não foi a esperada.
Ela saiu correndo na direção do palco, ele foi atrás. E no meio das tietes ele a alcançou e eles enfim conversaram, e a lua cheia acima deles foi encobrindo-se de nuvens negras. Choveu. Pra falar a verdade, choveu um oceano encima deles. Ele ofereceu uma carona para Júlia, que a essa altura do show já havia se perdido de seus amigos.
Ele a cobriu com sua jaqueta e foi a acompanhando, sem tirar os olhos dos seus lábios carnudos e rosados, já sentia seu rosto tocando em sua barba. Chegando ao carro, o beijo finalmente aconteceu, e sinceramente John achou um tanto quando excêntrico. Pediu o endereço da conquista da noite, ela disse que era pra deixá-la na frente do monumento da cidade.
Seguiram, John resolveu investir nela, afinal poderia ter sido um mau jeito mesmo. E recomeçaram, ele sentiu uma textura estranha na cintura dela, ela se afastou e pediu para irem em direção do monumento logo. Chegando lá ao descer do carro ela se despediu um tanto quando chateada e com pressa e ordenou que ele fosse embora o mais rápido possível.
Estranhando, John andou até um canto escuro e lá ficou observando, Júlia tirou algo similar a um controle remoto do bolso e uma luz muito forte apareceu, ofuscando os olhos dele. Só teve tempo de ver o disco da amada indo embora, e depois disso só usou uma blusa branca e morou em meio a pessoas com a sanidade questionável.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Sonhos...

Flutuava, Ela planava doce sem tocar os pés no chão, com um ar sobrenatural. Ele a olhava hipnotizado pelo brilho de seus olhos negros, e a cada movimento dela George sentia um arrepio percorrer-lhe o corpo todo, se encontrava num estado de leve torpor, como quando tinha bebido pela primeira vez.
Assim que soaram os últimos acordes e os dançarinos começaram a descer pela escada secundária do teatro, George num salto correu aos trancos e barrancos tropeçando nas sobras de tecido de sua calça boca de sino. Chegou até Ela, quase a derrubou, tinha ensaiado o que iria lhe falar durante toda a apresentação, mas ao ver seu rosto congelou.
Ficou por horas parado até que gentilmente foi convidado para se retirar, ele ainda sentia o perfume dela no ar. Saiu atordoado tentando chegar em casa. Chegou, entrou no elevador e foi ao décimo andar, enquanto subia os andares só conseguia pensar nela.
O elevador parou, George foi as cegas até o fim do corredor, na porta o espelho, nele o rosto refletido, uma face clara, olheiras profundas, cabelos compridos e loiros caindo desajeitadamente encima do nariz, olhos verdes atrás do óculos de lentes azuis, eram tristes e deles caiam lagrimas.
Um estrondo, uma dor na cabeça, o carpete molhado, a voz de Justine vinha da cozinha: -Vô! denovo?
- mas minha neta querida, tava lembrando do dia que conheci sua vó, tu sabe que me emociono!
-pôxa vô, precisa fazer xixi quando cai da cama?

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A noite e renda vermelha...

Sob a luz da lua cheia, uma leva brisa fresca soprava trazendo consigo o cheiro de terra molhada, árvore e do canteiro de alecrim. De entre as cortinas esvoaçantes de crepe creme surge um vulto que cai na relva do pátio, os mosquitos e insetos da grama coçaram as narinas de Elvis, de fato o pai dele sempre esperava um futuro para o filho.
Sua jaqueta de couro contrastava com o jardim meigo, seus olhos permaneciam fixos na janela de madeira, como se procurando por alguém, em suas mãos podia sentir a renda, e sorria. De sobressalto atravessou o resto do quintal e num instante pulou o muro.
Enquanto seguia desnorteado pela rua, não conseguia disfarçar seu sorriso de playmobil, naquela noite tudo que sempre tinha sonhado estava se realizando. Elvis seguia olhando as pedras do calçamento e os fios da rede elétrica, mas não saía do seus pensamento aqueles cílios curvados e volumosos...
Chegando em casa, tirou com cuidado seu chaveiro rosa do bolso e abriu a porta que rangeu, ligou a luz, o lustre ofuscou sua visão, atirou-se no sofá e ali ficou. O telefone tocou, Elvis demorou a atender, a voz masculina do outro lado da linha pergunto: - e aí conseguiu?
Ele respondeu: - siiiim, a blusa vermelha de renda vai ficar LIIINDONA com meu sapato de paetes preto! e aqueles cílios postiços que comprei ontem? arraazo! tu passa aqui pra gente ir juntinhos né?