sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Um romance de guarda-chuva

Chovia, escutava um blues nos fones de ouvido do celular velhinho. Aquele cheiro de bergamota e de molhado no ônibus, as janelas meio abertas, o pestilento arroio dilúvio lá fora... Desvio o olhar da janela para o banco ao lado, vazio, somente o guarda-chuva de bolinhas.
Uma voz interrompe meus devaneios, "Posso sentar aí?" e o moço de olhos lindos e sobrancelhas grossas se senta ao meu lado. Eu o olho, ele me olha, ficamos assim por duas musicas inteiras. Olho pra janela, olho pra ele. Aquelas paixões de ônibus, em que você sabe que terminarão (terminarão?) quando um dos dois descerem do ônibus. Fiquei divagando, do que ele gosta, o que ele ouve, o que ele lê. Corro os olhos pra mochila dele: UFRGS, não lembro o que.
Minha parada, olho por mais alguns minutos, peço licença e digo tchao. Aperto o botão e desço. Caminhando pela calçada de paralelepípedos ensopada eu sigo pensando no moço dos olhos lindos e cabelos pretos... Do que ele gostaria mesmo? Tomara que não vote... - "Moça! Tu esqueceu teu guarda-chuva..." É ele, eu viro com um sorriso no rosto, quando eu vejo. Camiseta do Marcelo Camelo - "Esse não é meu guarda-chuva." Viro a cara e sigo andando. Foi melhor assim.

sábado, 23 de abril de 2011

LA DIVERTIDA ESTÓRIA DE STEVE E SU CORSEL FLAMAJENATE LABARENTO

Então galerinha do barulho! Depois de muito tempo abandonada a caixa retorna aos seus dias de glória!!
lá vai mais uma historia do balacubaco proceis:
(a quem eu tento enganar?)



Steve andava em meio à estepe seca, o vento cortante e abafado o sufocava enquanto o sol se escondia por trás das colinas amareladas da areia, lobos uivavam ao fundo. O barulho de suas botas na grama era só que lhe acompanhava por horas e horas além de, é claro, uma musica do Bob Dylan em forma de assovio em seu pensamento. Caminhava completamente sem rumo tocando no cabo de sua pistola, as mangas de sua velha camisa de flanela escondiam-lhe os pulsos, afasta os cabelos castanhos do rosto para enxergar o horizonte, aquela dor aguda e existencial continua martelando.
E Steve ao escutar o ultimo uivo dolorido de um coiote distante puxa o cabo da arma e coloca o cano colado a sua cabeça, sente o metal gelado em sua pele quente e suada.
Dispara.
Ouve-se um grito sobre-humano de dor pelas estepes americanas. O idiota errou o disparo. Sem orelha e sangrando Steve continua a caminhar sem rumo, sem rumo e sem balas restantes. Chega até um vilarejo e vai registrar-se no hotel, na portaria toca a campainha umas cinco vezes e decide assinar ele mesmo o livro de registros.
Ao largar a caneta, zumbis aparecem por todos os lados indo em sua direção, e uma bela jovem montada em um cavalo de fogo atravessa as paredes de madeira do local e lhe atira uma espingarda berrando: “Na testa, na testa! Mira na testa animal!” A guria agarra-lhe a camisa e o atira feito uma mala de garupa no lombo de seu cavalo, que já treinado ruma à sua bat-caverna enquanto a donzela segue atirando.

Obviamente continua :)

domingo, 1 de agosto de 2010

Double Double - Parte 2

"
Uma ponta de brilho se via chegando na porta, uma brisa com perfume de mulher. Era Diana, com um sobretudo bege empunhando seu cigarro, o levava volta e meia aos lábios vermelhos, e depois ajeitava os cabelos longos e negros. Atravessou o salão, no alto de seus sapatos de salto vermelhos que estalavam no chão de mármore, parou em frente a Don Levito e atirou-se em seus braços.
- Oh Mercedes, eu sabia que viria - exclamou Don.
Diana censurou-o:
- Não fale isso em público, as pessoas podem nos ouvir!
- Eu não me importo, já está na hora de assumirmos! Porquê não revelar logo aos meninos que você está comigo? Podemos parar de fazer esse jogo duplo...
- Não! Precisamos nos manter afastados! Se eles desconfiarem de algo, ou mesmo se souberem que estamos juntos, fazendo eles de bobos, eles poderão se revoltar! E você sabe tanto quanto eu da força deles unidos...
- Está bem, venha logo, vamos para a suíte.
Nesse momento, Jack acordava num quarto escuro e frio, porém deitado numa cama macia.
Imediatamente revistou seus bolsos à procura do seu celular, mas ele havia sumido. Encontrou somente seu chaveiro com mil e uma utilidades que carregava sempre consigo, e embora estivesse morrendo de dor de cabeça e com o corpo mole, o chaveiro era tudo que ele precisava para fugir dali. Usou-o para iluminar o quarto com a lanterna embutida, procurando a janela mais próxima. Ela estava no canto direito do quarto, bem no alto. Selecionou a opção chave de fenda e desparafusou as dobradiças; com muita calma retirou as partes dela e pôde sair, pulando até o chão. Caiu na grama fofa, o ar da noite lhe fazia bem.
Lembrou-se de John, procurou no bolso secreto de sua jaqueta e por sorte estava lá: o localizador GPS para encontrar seu irmão. Ativando-o, percebeu que ele estava dentro da casa da qual escapara. Voltou, e da mesma forma que abriu a janela, fez com a porta, esgueirou-se pelos corredores e achou o quarto do John. Acordou o irmão e deram uma busca na casa. Estava completamente vazia. Jack disse:
- Vamos acabar logo com isso?
- Tudo bem - respondeu John.
Nisso, deram-se as mãos, e bradaram em uníssono:
- Super-Irmãos! ATIVAR!
E viu-se um feixe de luz azul brilhar no céu.
Diana acordou sobressaltada, assustando Don Levito, deitado ao seu lado na cama King Size da suíte do hotel. Ainda nua, levantou-se e caminhou até a janela.
- O que houve, Mercedes?
- Nada... Tive a impressão de que havia alguém parado do lado de fora da janela...
- Como poderia? Estamos no 8° andar! Venha para cá, deixe-me acalmá-la...
- Não quero, algo está me deixando inquieta. Será que está tudo bem com Jack e John?
- Claro que sim, mandei meus melhores homens para guardar a casa. Nem uma mosca seria capaz de nos alcançar aqui...
Então a vidraça se quebra e uma águia entra voando velozmente, furando os olhos de Don Levito com suas garras afiadas, enquanto Diana grita histericamente por socorro.
"


E agora? Como continuará essa história?
Disponível também no Blog do Dimas, ou na imagem ali do lado.
Boa leitura!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Double Double

Jack saiu correndo daquele quarto. Seria bom se afastar bastante daquele lado da cidade, antes que alguma camareira encontrasse o corpo do negociador, e a polícia fosse chamada. Desceu para o metrô do outro lado da rua, e, já com um blusão amarelo, entrou no primeiro metrô que parou na estação, depois de jogar o sobretudo azul escuro que estivera usando e a arma na lixeira do banheiro. Pegou o celular do bolso e entrou em contato com seu parceiro, avisando que o trabalho estava feito, podiam continuar com o serviço sem problemas.
Enquanto descia numa parada aleatória sentiu que estava sendo seguido. Tremeu. Era a primeira vez dentre todos os serviços que fez que se sentia assim. Ligou novamente pra John, e quando ouviu o alô do outro lado da linha, sentiu um baque nas costas. Desmaiou. John ficou extremamente irritado com a brincadeira de Jack, afundou as mãos na jaqueta de camurça marrom, e seguiu descendo a rua Baltazar. Passou por alguns carros, ajeitou o cabelo agachando-se em frente ao vidro de um carro, conferiu o estado da calça jeans escura, all star, tudo ok. Entrou no bar e a viu.
John caminhou até a mesa do canto e exclamou: "Mãe! O que você faz por aqui?!" Diana levantou a cabeça lentamente e pediu silêncio com um gesto. Observando com atenção, John viu que havia alguém deitado com a cabeça no colo de Diana, parcialmente encoberto pela mesa e difícil de ser notada pela penumbra do local. Era Jack.
- O que você fez com ele?
- Shhh, fale baixo. Eu não fiz nada, apenas fiquei com saudade e mandei meu guarda-costas ir buscá-lo pra mim. E eu sabia que você iria aparecer, mais cedo ou mais tarde.
"Ela poderá estragar todo o plano se eu não fizer algo", pensou John.
- Estamos no meio de uma importante negociação, mãe! Precisamos ir embora agora, e o Jack vai comigo!
- Sinto muito, Johnny querido, mas você também não vai sair daqui.
Nisso as portas do bar se abrem revelando os dois guarda-costas de Diana, que se postaram em frente à porta impedindo qualquer saída por ali.
John se volta lentamente para Diana com um sorriso malicioso no rosto. Imediatamente tira do bolso um controle remoto e com ele aciona o botão de sua motocicleta, que entra quebrando a porta do bar e derrubando os guarda-costas. Do outro bolso tira uma arma e aponta para Diana e para todos do bar. Fica vagando pelo cômodo com ar doentio, até que enfim a aponta para sua própria cabeça e diz:
- Mãe, agora é sério, deixe eu e o Jack irmos logo, ou tu nunca mais me verá.
- Johnny, você não tem escolha.
Nesse momento um dos homens de Diana que havia se levantado num pulo acerta John com uma cadeira nas costas. Ela tira uma seringa de uma maleta preta, escolhe um dos frascos, passa o líquido amarelado pra seringa, aplica em John. E coloca os dois em camisas de força, e ordena que os levem para a casa do interior.
No outro lado da cidade, na frente do hotel, alguns homens a mando de Don Levito coletam informações, e constatam que os dois definitivamente estão encrencados.
{...}


Bom essa historia é uma Parceria com o @dimhr12, e tá disponível aqui e no blog dele, espero que gostem :)

terça-feira, 22 de junho de 2010

Uma história Acabada... Ou não.

Enquanto tomava seu café, Yuri olhava as paisagens brancas que se movimentavam pela janela de seu vagão, quando vultos negros começaram a se mexer no gelo em direção ao teto do vagão. Yuri pensou que seu café continha alguma substância alucinógena, pois viu dois ninjas em sua frente.
[...]
Clarissa acordou mais uma vez, no chão encardido uma caneca esmaltada descascando com um liquido não identificável dentro, um prato de sopa e um pedaço de pão. Ela torcia pra que fosse vodka na caneca. Levantou-se e foi trôpega até lá, suas mãos agora estavam livres, e os pulsos arroxeados.
A porta range, as dobradiças enferrujadas parecem que vão esfarelar alguém é atirado para dentro e ouve-se um gemido de dor. Clarissa sente seu coração saltar no peito, e receosamente olha na direção do ser caído. Reconhece quase que imediatamente aqueles cabelos pretos sebosos, ele tinha deixado compridos, do jeito que ela gostava.
Corre tropeçando em seus pés e cai pouco antes de alcançá-lo. Continua o percurso engatinhando até ele, os cabelos sujos caindo em seu rosto pálido deixavam-na ainda mais bonita. Encosta instintivamente o ouvido no peito dele, uma angústia toma conta dela, e ouve o coração dele pulsar rápido. Ele desliza a mão pela cabeça dela, e se abraçam, porém dessa vez não mais como apenas amigos.
[...]
As dobradiças quebram de vez, um vulto de chapéu panamá aparece na porta, e estende o braço, na mão se vê um MP-412 "REX" apontado na direção deles. Se ouve uma risada macabra e rouca que acaba em tosse.
- Agora o casalzinho infernal não vai mais me atrapalhar, vocês tinham que ver o que não deviam? Que mania desses jovens de freqüentes bares perigosos, que peninha, digam adeus e morram abraçadinhos!- mais tosses, o poderoso Nicolau não permitiria que esses infames saíssem vivos.
Os dois abraçaram-se com força, como que querendo tornar-se um só.
[...]
Uivos de dor, e um estrondo ensurdecedor. Um navio havia derrubado a parede, a peste ruiva sorria e dizia: - Vamos seus cornos, subam! Ou vão querer que eu também os carregue?
Marky realmente era uma piada. “Clarissa, achei um lugar ideal pra nós, o Caribe! A terra do rum! Tu vai adorar.
No fim da noite, viram o por do sol no mar. E final do mês fundaram uma bodega no Caribe.




# Bom, após um mês de abstinência e muitas reclamações e pedidos (oi Dimas e Victor) tá aí, não disse que ia ser boa a história, e 5 partes são para os fracos!

sábado, 22 de maio de 2010

Uma história inacabada. Parte II

Clarissa sentia sua cabeça estourando e a boca seca, no ar um cheiro de éter. Uma luz tênue vinha da pequena janela do canto direito do quarto, as paredes eram encardidas e amareladas e o chão duro e frio, pequenos cristais de gelo se amontoavam perto da coberta de lã, e ela estava sem seu precioso rum.
Foi aos poucos tentado ficar em pé, apoiando-se nas paredes imundas sentia seus cabelos em cachos emaranhados atrapalhando sua visão, suas mãos pequenas e delicadas estavam amarradas com um pedaço tosco de corda que estava machucando seus pulsos. Jogou a cabeça pra trás na ânsia de enxergar melhor e se viu novamente no chão. A porta de madeira apodrecida se abre.
(...)
Yuri estava saindo do correio, acabara de mandar alguns postais para Clarissa, juntamente com uma carta explicando que demoraria mais um mês para voltar a São Petersburgo. Todos os lugares que havia visitado deixaram nele uma sensação incrível de liberdade, havia conhecido muitas garotas, e isso estava o encorajando a se declarar.
Cada vez que se lembrava dela, seus olhos verdes brilhavam, e assim que os fechava a visualizava sorrindo com aquelas covinhas nas bochechas, e lembrava-se dos bares que freqüentavam.
Ele tinha um longo caminho à frente para explorar, sobrevoaria todas as planícies do sul, e depois voltaria pela costa leste, passaria pela Sibéria para então voltar a sua cidade, sim um mês era pouco, mas conseguiria. E se não conseguisse voltaria igual, e convidaria Clarissa para acompanhá-lo. Sentiu um aperto no peito ao penar nela, estaria algo ruim acontecendo à ela? Não- pensou ele – ela sabe se cuidar muito bem, aqueles gângsters não teriam tamanha audácia...
Continua.

p.s. a principio a história terá 5 partes, mas não garanto um enredo bom, ou menos doce, ou menos bobo, nem um final parecido com os da caixa, enfim talvez eu enjoe antes e dê um final maluco para Clarissa e Yuri, ou mate os dois muahahá...

domingo, 16 de maio de 2010

Uma história inacabada.

Cof cof cof cof... Era o barulho que se ouvia incessantemente do apartamento vizinho. Clarissa caminhou pela sala de estar, a lareira estava em brasas e era muito frio. Sentiu uma vontade de tomar rum, foi à cozinha, o tapete felpudo acariciava seus pés. Enquanto abria a garrafa, observava a bela paisagem russa pela janela, aah São Petersburgo é mesmo linda.Um cheiro de incenso e fumaça tomou conta do local, ela sentiu suas pernas bambearem e o chão sumir debaixo de seus pés.
(...)
O sol cegava seus olhos, e sua boca estava seca, o vento cortante da Rússia mesmo no verão é horrível de se sentir, Yuri se aproximava do lago Baikal. As águas do lago estavam excepcionalmente bonitas, ele abre sua mochila e tira sua câmera, tenta achar o melhor ângulo. Ele queria mandar uma bela foto para sua amiga Clarissa, era uma forma singela de demonstrar a ela, que significava muito para ele.
Sua viagem havia se estendido mais que previra, o sul sempre o chamara, tinha algo naquele lugar que o prendia. Em sua mala várias lembranças, alguns amuletos xamãs, etc. Em seu walkman tocava um velho rock ‘n roll, tirava os cabelos negros caídos no rosto, ela tinha razão ele ficava melhor com cabelos mais compridos.



Continua...